“Preto parado é suspeito; correndo, é ladrão!”

zé-pequeno

O racismo ideológico da esquerda

 

“Não há outra solução senão esperar melhoras com paciência e resignação”.

(André Rebouças, em 1898)

Creio que todos conheçam a frase que dá título a este texto. É antiga. Quando eu era pequeno ouvia muito isso, em casa mesmo, de troça. Mas trata-se de uma frase séria, criada com conotação claramente preconceituosa, dizendo que o negro vive na marginalidade auto-imposta, que gosta de malandragem, samba, cachaça e mulheres (sim, no plural).

Bem, infelizmente há um fundo de verdade nessa frase; pois, com o fim da escravidão os negros libertos foram empurrados para a marginalidade (para viverem à margem da sociedade) pelos republicanos e oligarcas que tomaram o poder  – tomo aqui como base a interpretação dos próprios abolicionistas, via André Rebouças. Com isso, restou ao negro aquele sentimento de que, de fato, a abolição nunca se concretizou. Tal constatação, feita pelos abolicionistas logo nos anos subseqüentes ao fatídico 13 de maio de 1888, fez com que estes ainda lutassem muito para conseguir alguma melhora na condição social da população negra. Porém, o sonho estava se esvaindo, a luta estava vencida. Os escravocratas, revoltados com o fim da escravidão e com a relutância do imperador em indenizá-los pela perda da mão de obra, juntaram-se aos republicanos e, proclamada a República, abandonaram os negros na condição onde muitos ainda hoje permanecem.

andre-reboucasTal desolação é relatada em várias cartas do grande abolicionista André Rebouças – que, com o fim da monarquia, devotado amigo que era da família real, com ela partiu para Portugal; depois foi para Cannes, Luanda e, por fim, suicidou-se melancolicamente na Ilha da Madeira, em 09 maio de 1898. Numa dessas missivas, endereçada ao caríssimo amigo Joaquim Nabuco, Rebouças diz (sobre o aniversário da Abolição):

“A 13 de maio de 1889 eu tive uma tristeza inexplicável. Lembra-se que foi necessário telegrama para tirar-me do meu isolamento de Petrópolis… Na tarde de 22 de agosto de 1888, quando voltávamos da faustosa e hipocrita recepção do Imperador, eu lhe disse ao ouvido: ‘agora posso dormir tranquilo…’ Parecia-me que, a todo o momento, os escravocratas assassinavam a princeza redentora e cubriam de sangue a página santa, que havíamos escrito durante oito longos anos…

“A 22 de agosto de 1888, ainda esperavam os celerados indenização e Chins… Foi quando Dom Pedro disse-lhes: ‘Não! Não… Mil vezes não!’ que eles foram para a república de mamelucos – bandeirantes e traficantes de escravos brancos e amarelos; porque a Inglaterra não permite que sejam Negros Africanos”.[1]

Ao lermos as cartas de Rebouças – negro, engenheiro competente, abolicionista e, sobretudo, amigo do grande D. Pedro II –, vemos com pesar o duro golpe que foi o apressar da abolição por interesses escusos, bem como o resultado, para os negros, do movimento revolucionário capitaneado pelos republicanos e escravocratas que depuseram a monarquia.

O fato é que, como foi realizada, a abolição lançou milhares de famílias, jovens, velhos e crianças em condições miseráveis, fazendo, com isso, que os crimes entre essa população aumentassem e ganhassem destaque; e também é grilhoesfato que ainda hoje essa situação não foi totalmente remediada, pois a maioria da população pobre do Brasil ainda é composta por negros (pretos e pardos).

Mas é preciso cautela para analisar os desdobramentos disso. A relação entre pobreza e criminalidade é absolutamente circunstancial, pois, no final da contas, criminoso é aquele que ESCOLHE praticar um crime. Essa história rousseauniana de que o criminoso é vítima da sociedade, que comete crime porque se vê à margem e vitimado pela “burguesia capitalista opressora”, só é aceita entre ideólogos revolucionários, sedentos e incansáveis por instaurar a famigerada Luta de Classes no país. Não há nenhuma relação direta entre uma coisa e outra, e os exemplos abundam!

Em minha família, por exemplo, os únicos que entraram para a vida do crime (sim, eles existem), o fizeram não por falta de oportunidade – tiveram muitas! – mas por influência e, claro, por escolha. Ou seja, num lugar onde traficantes e criminosos são considerados heróis, entrar para o crime torna-se uma questão de influência. Às vezes acontece por causa das drogas (do uso ou do tráfico), às vezes, pela busca de status entre os amigos. Ou seja, na vida turbulenta de um jovem da periferia, como diz a letra do Rap: “ele se espelha em quem ta mais perto”.

Por outro lado, há centenas de famílias honradas, batalhadoras, cujos filhos estão lutando contra essa tendência, buscando exemplos dentro e fora de casa, mas sempre exemplos de superação, determinação e fé. Desviando do crime e escolhendo a “estrada menos viajada” [Robert Frost]. E temos, ao longo da história, muitos casos que merecem destaque, que poderiam servir de exemplo norteador da construção da identidade não só do negro, mas do Brasil. Exemplos notáveis como o dos abolicionistas (Nabuco, Rebouças, José do Patrocínio, Teodoro Sampaio et alii); de escritores/poetas como Machado de Assis, Cruz e Souza e Lima Barreto; de músicos como Pe. José Maurício Nunes Garcia e Carlos Gomes; de mestres como Ernesto Carneiro Ribeiro e tantos outros.

Tais exemplos, seguidos com afinco, nos ajudariam a criar, ainda que devagar, mas consistentemente, geração após geração, um Brasil menos preconceituoso e mais igualitário – primeiro no âmbito cultural (que é de onde tudo flui), depois no social. Uma conquista sólida e perene.

W. E. B. Du Bois[i], o primeiro negro a conseguir um título de Doutor em Harvard (ainda no séc. XIX), e grande precursor w.e.b.-duboisda causa pelos diretos dos negros nos EUA, disse bem:

“Repito, podemos subestimar o preconceito de cor do Sul e, no entanto, este continua a ser um fato ponderável. Tais desvios curiosos da mente humana existem e devem ser encarados com sobriedade. Eles não podem ser destruídos pela zombaria, não são sempre fáceis de atacar nem são simplesmente abolidos por decretos judiciais. E, contudo, não devem ser estimulados pela inércia. Devem ser reconhecidos como fatos, porém como fatos desagradáveis; coisas que entravam as vias da civilização, da religião, do sentimento de decência. Só podem ser enfrentados de uma maneira – pelo alargamento e pela expansão da razão humana, pela universalização do gosto e da cultura”[2].

E sobre a superação das dificuldades, assevera:

“O esforço de todos os homens honrados do séc. XX é, portanto, garantir que na futura competição das raças a sobrevivência dos mais aptos possa significar o triunfo do bom, do belo e do verdadeiro; que preservemos para a civilização do futuro tudo que é realmente bom, nobre e forte, e não continuemos a incentivar a ganância, a desfaçatez e a crueldade. Para fazer com que tal esperança frutifique, somos compelidos diariamente a empreender um estudo cada vez mais consciencioso dos fenômenos dos contatos entre as raças – um estudo franco e imparcial, não falsificado ou colorido por nossos desejos ou temores”[3].

Não é por mágica, nem por revolução e nem pelo Estado; é por esforço – de trabalho e de cultura. Essa é a única via.

E o mais curioso ainda é que Du Bois não tinha a mente fechada e tacanha dos negros “do movimento” de hoje, sequazes de doutrinas afrocentristas e segregadoras (racistas, portanto). Ele sabia a diferença entre uma cultura local, folclórica, e a Alta Cultura*, importante civilizadora do Ocidente onde, ao fim e ao cabo, vivia e fruto de séculos de tradição:

“Sento-me em companhia de Shakespeare, e ele não se retrai. Além da linha do preconceito, caminho de braços dados com Balzac e Dumas, onde homens sorridentes e mulheres acolhedoras deslizam entre dourados salões. Das cavernas da noite que oscilam entre a terra firme e o traçado das estrelas, chamo por Aristóteles e Marco Aurélio ou por qualquer outra alma que eu deseje e eles se aproximam graciosamente, sem escárnio ou condescendência. Assim, casado com a verdade, vivo por sobre o Véu. E esta a vida que você não quer nos dar, cavalheiresca América?”[4]

E o nosso Rebouças também da o exemplo. De seu exílio informa ao amigo ex-Imperador: “Continuo a educar o meu coração lendo Tolstoi e o Santo Homero”[5]

E não se trata de relegar a cultura ancestral (longe disso!), mas de se inteirar e ser alimentado pela cultura que orienta a vida intelectual e social do pais onde se nasce e vive. Só assim é possível progredir. Alimentar, no Ocidente, uma cultura afrocentrista, segrega em vez de agregar.

Esse é o verdadeiro Movimento Negro – os Negros em Movimento! Educando-se e buscando, incansavelmente, a superação das dificuldades.

Racismo e ideologia

Porém, o discurso ideológico da esquerda é nefasto e oportunista. Apropriou-se compulsoriamente da “Causa Negra”, e se fez porta-voz de toda uma população que buscava, com muita dificuldade, o seu espaço. Mas não só isso: igualou essa Causa a outras tantas, e todas a uma agenda revolucionária, fomentando toda sorte de ressentimentos, incitando brancos contra negros, ricos contra pobres, mulheres contra homens, homossexuais contra heterossexuais etc. Ou seja, instaurou a tensão social e o ódio de classes, raças, sexo etc..

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Mas esse não é um ódio qualquer, pois todo ser humano em sã consciência repudia tal sentimento. Esse é um ódio, como nos diz o filósofo romeno Gabriel Liiceanu – em seu apuradíssimo ensaio “Do Ódio” – “culto e cultivado”, e organizado intelectualmente como ideologia; e desse modo passa a ter “dignidade histórica e aura científica. E o crime que o acompanha é, a seu turno, enobrecido, porque a finalidade a que ele serve sonha com o bem para muitos e, no limite, para toda a humanidade”[6].

Outra característica desse ódio, como nos aponta Liiceanu, é a impessoalidade. De posse desse ódio o militante pode tudo. Diz:

“Já não se odeia uma pessoa isolada, odeia-se uma pessoa como agente de uma categoria. Odeia-se uma hipóstase englobadora, odeia-se um ‘como’ explicativo-categorial […] Odeia-se a alguém como; odeias alguém como burguês, como hebreu, como cigano, como intelectual, como islamita, como americano, como húngaro etc.

“Em conclusão, o ódio tornou-se impessoal à medida que nem o que odeia é uma pessoa isolada (mas membro de um grupo, de uma organização, de um partido, de um ‘movimento’ etc. Nem o que é odiado é isolado, mas pertence a uma categoria (de classe, de raça, de nação, de religião)”[7].

Portanto, meus caros, estamos à mercê de um ódio organizado, ideológico, que permite a essa corja militante odiar à vontade e, não raro, acusar aos outros de “discurso de ódio”, numa manipulação lingüística de fazer inveja.

Aliás, a linguagem metonímica é um dos grandes trunfos do discurso ideológico da esquerda. Diante de uma geração inteira educada por acadêmicos estruturalistas e filósofos da linguagem, essa turma consegue o efeito denunciado por Lewis Carroll em seu “[Alice] Do lado de dentro do espelho”, que é o de dar a uma palavra o sentido que se quer, não importando o sentido próprio que ela tenha[8].

A cor dessa cidade

O entrevero que tive com a cantora Daniela Mercury e seus seguidores (autodenominados “mercuryanos”) é um bom exemplo.

Ela escreveu um tuíte:

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Caros, não é preciso ser um lingüista para compreender o que essa frase significa. Se eu digo “a redução da maioridade penal exterminará pretos e pobres”, o que digo? Exatamente que os pretos e pobres são criminosos, ou potenciais criminosos. E isso é cristalino como água de uma fonte virgem.

Isso exigiu de mim uma resposta no mesmo tom com o qual essa gente costuma acusar os outros:

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E o restante da pequena discussão com a representante dos mercuryanos, segue abaixo:

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Claro que eu, ofendido, disparei como quem não quer se ver representado por esse discurso patético.

Agora, o que é a redução da maioridade penal? É uma alteração na legislação que visa a prender criminosos menores de 18 anos – aos 16, nesse caso – que cometem crimes hediondos. E o que isso tem que ver com pretos e pobres? Segundo Daniela Mercury, é o seguinte: pretos e pobres são marginalizados pela sociedade. Consequentemente são empurrados para a criminalidade e, consequentemente, são presos.

Mas qual o nexo causal disso? Absolutamente NENHUM! Porque há um salto malicioso entre marginalização e criminalidade. Ser colocado à margem não nos leva, automaticamente, a cometer crimes! Há inúmeros casos que provam o contrário disso. Muitos defensores dessa ideia absurda são prova contrária disso. E, curiosamente, quanto mais próximos da escravidão deitamos os nossos olhos, mais vemos negros célebres e reconhecidos pela sociedade.

Daí surge outra manipulação ideológica, que diz ser apenas uma minoria que consegue driblar esse, digamos, destino.

Ora essa, se uma minoria consegue, porque não pode influenciar a maioria? Respondo: porque o discurso ideológico, o vitimismo torpe, o ódio cultivado e a barreira imposta por ONG’s, políticos e ideólogos de toda sorte – muitas vezes, mais até que um traficante –, vivem a martelar na cabeça das pessoas que moram na periferia que seu esforço jamais será reconhecido pela chamada elite, que suas conquistas jamais valerão nada nesse mundo que os rejeita; e que a única forma de mudar essa situação é buscar ajuda do Governo e seus Programas Bem-Estar Social! E o Estado se torna a tábua de salvação dessas pessoas. E o truque fatal de um Estado Socialista totalitário é, justamente, manter essas pessoas cativas por Programas Sociais, para garantir o voto e  a perpetuação no Poder. E essa falsa resolução é gritada aos quatro ventos como a verdade absoluta (a única diante da relativização total). Por outras palavras, é pegar o negro livre e fazê-lo escravo do Estado. É fazer o cão tornar ao vômito[9].

E está fechado o ciclo. Uma turba inumerável de ressentidos doutrinada por ideólogos – na esfera acadêmica e cultural, das novelas aos estudos acadêmicos – e um Estado forte que sustenta toda essa desgraça, oferecendo migalhas sem nunca resolvê-la.

Como diz Antonio Gramsci – fundador do partido comunista italiano e pai do socialismo do séc. XX (pós-revolução russa): “Na fase da luta pela hegemonia, desenvolve-se a ciência política; na fase estatal, todas as superestruturas devem desenvolver-se, sob pena de dissolução do Estado”[10].

É urgente que os negros escapem dessa manipulação e percebam o valor que há no indivíduo, no esforço, na perseverança, nas determinações e decisões tomadas de acordo com a própria consciência. É um esforço e tanto, demandará muito sacrifício. Mas só assim será possível construir um futuro perene e de raízes profundas, não só para si, mas para seus filhos e netos. E, por fim, para o Brasil de todos os brasileiros.

Paulo Cruz

[1] REBOUÇAS, André. “Diários e Notas Autobiográficas”, José Olympio, p. 400.

[2] DU BOIS, W. E. B. “As almas da gente negra”. Lacerda Editores, p. 146. Tradução: Heloísa Toller Gomes

[3] DU BOIS, Ibid., p. 217.

[4] DU BOIS, Ibid., p. 162.

[5] REBOUÇAS, Op. Cit., p. 381.

[6] LIICEANU, Gabriel. “Do ódio”. Vide Editorial, p. 49. Tradução: Elpídio Mário Dantas Fonseca

[7] LIICEANU, Ibid., pp. 54-55.

[8] “— Quando uso uma palavra, replicou Osvaldo Oval — em tom de desdém —, o significado dela é aquele que quero que ela tenha — e não admito discussão.

— Isso é questão de saber se você pode atribuir o significado que quiser a uma palavra.

— Isso é uma questão de saber quem é que manda. E basta!” (CARROLL, Lewis. “Do lado de dentro do espelho”. Itatiaia, p. 237. Tradução: Eugênio Amado).

[9] “Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia”. (Provérbios 26:11)

[10] GRAMSCI, Antonio. “Cadernos do Cárcere – Vol. I”. Civilização Brasileira, p. 210. Tradução: Carlos Nelson Coutinho.

[i] Infelizmente, Du Bois, com a instauração das leis Jim Crow, e vendo que o grande sonho de Reconstrução da América não dava o espaço necessário aos negros, buscou refúgio no Socialismo, o que, evidentemente, não deu em nada. Beijou as mãos do genocida Mao Tsé-Tung, depois rumou para Gana e lá morreu no completo ostracismo.

* Sobre Alta Cultura, Ortega y Gasset explica:

“O império que sobre a vida pública hoje exerce a vulgaridade intelectual, é talvez o fator da presente situação mais novo, menos assimilável a nada do pretérito. Pelo menos na história européia até hoje, nunca o vulgo havia crido ter ‘idéias’ sobre as coisas. Tinha crenças, tradições, experiências, provérbios, hábitos mentais, mas não se imaginava de posse de opiniões teóricas sobre o que as coisas são ou devem ser – por exemplo, sobre política ou sobre literatura -. Parecia-lhe bem ou mal o que o político projetava e fazia; dava ou retirava sua adesão, mas sua atitude reduzia-se a repercutir, positiva ou negativamente, a ação criadora de outros. Nunca se lhe ocorreu opor às ‘idéias’ do político outras suas; nem sequer julgar as ‘idéias’ do político do tribunal de outras ‘idéias’ que cria possuir. A mesma coisa em arte e nas demais ordens da vida pública. Uma e inata consciência de sua limitação, de não estar qualificado para teorizar, vedava-o completamente. A conseqüência automática disto era que o vulgo não pensava, nem de longe, decidir em quase nenhuma das atividades públicas, que em sua maior parte são de índole teórica.
Hoje, pelo contrário, o homem médio tem as ‘idéias’ mais taxativas sobre quanto acontece e deve acontecer no universo. Por isso perdeu o uso da audição. Para que ouvir, se já tem dentro de si o que necessita? Já não é época de ouvir, mas, pelo contrário, de julgar, de sentenciar, de decidir. Não há questão de vida pública em que não intervenha, cego e surdo como é, impondo suas ‘opiniões’.

“Mas não é isto uma vantagem? Não representa um progresso enorme que as massas tenham “idéias”, quer dizer, que sejam cultas? De maneira alguma. As “idéias” deste homem médio não são autenticamente idéias, nem sua posse é cultura. A idéia é um xeque-mate à verdade. Quem queira ter idéias necessita antes dispor-se a querer a verdade e aceitar as regras do jogo que ela imponha. Não vale falar de idéias ou opiniões onde não se admite uma instância que a regula, uma série de normas às quais na discussão cabe apelar. Estas normas são os princípios da cultura. Não me importa quais são. O que digo é que não há cultura onde não há normas. A que nossos próximos possam recorrer. Não há cultura onde não há princípios de legali5àde civil a que apelar. Não há cultura onde não há acatamento de certas últimas posições intelectuais a que referir-se na disputa (50). Não há cultura quando as relações econômicas não são presididas por um regime de tráfico sob o qual possam amparar-se. Não há cultura onde as polêmicas estéticas n o reconhecem a necessidade de justificar a obra de arte.
Quando faltam todas essas coisas, não há cultura; há, no sentido mais estrito da palavra, barbárie. E isto é, não tenhamos ilusões, o que começa a haver na Europa sob a progressiva rebelião das massas”.

(Ortega y Gasset, “A Rebelião das Massas”)

Sobre esperandoasmusas


182 respostas para ““Preto parado é suspeito; correndo, é ladrão!”

  • Vivian Andrade

    Excelente! Li como se fosse um professor me explicando uma matéria nova. O texto já está salvo em meus favoritos e irei compartilha-lo e usá-lo como fonte de explicação para aqueles que gostam de falar das coisas sem entendê-las (do tipo Daniela Mercury).

      • Claudio Pires

        Ao acabar de ler, pensei o mesmo que ao Vivian Andrade. Eu te agradeço pelas palavras sinceras e verdadeiras. Também salvei o texto e já o compartilhei agora e vou fazê-lo mais vezes quando necessário. Não sou negro mas sou “filho” de Irajá-RJ onde as oportunidades para o bem e para o mal sempre estiveram à nossa disposição.Parabéns mais uma vez e muitas felicidades

  • Ademario Moreira

    Esta é a primeira citação deste post, atribuída a André Rebouças, que o autor utilizou para abrir seu artigo:

    “Não há outra solução senão esperar melhoras com paciência e resignação” (André Rebouças, em 1898) –

    E esta é uma citação do grande responsável pelas conquistas dos direitos civis dos afrodescendentes norte-americanos, o pacifista e pastor protestante Martin Luther King:

    ” A Liberdade nunca é dada voluntariamente pelo opressor; ela deve ser exigida pelo oprimido.”
    (Martin Luther King Jr).

    Analisando as conquistas e avanços de brasileiros e norte-americanos, o percentual de inclusão, visibilidade e representatividade dos afrodescendentes de lá (vale ressaltar que lá eles são minoria), que ocupam mais cargos importantes na vida pública e privada do que os afrodescendentes brasileiros, e, que culminou com a eleição de Barack Obama, acredito que seguir os ensinamentos (sic) de André Rebouças, como sugere o autor, não será de grande valia cá , assim como não foi lá.

    Falando mais uma vez da pobre definição de cultura, atribuída ao célebre Doutor Du Bois, gostaria de lembrar que na antiguidade, a “democracia” grega e o império romano escravizaram inúmeros povos da Europa, como celtas, normandos, e várias “tribos” nórdicas. Os romanos chamavam estes povos de “bárbaros”.

    O curioso é que séculos mais tarde, com o declínio e queda do império romano, estes “povos bárbaros” viriam a produzir filósofos, cientistas, escritores e cientistas ( os mesmos citados por Du Bois ao referir-se à Alta Cultura)…

    De qualquer forma, o artigo inova ao manipular fragmentos das obras de negros e mestiços abolicionistas daqui e de alhures, com o intuito de tentar provar o ponto de vista do autor.

    Acredito, ao ler os elogios rasgados nos comentários deste post, que, nos meios acadêmicos que o autor frequenta (altamente povoados por doutores negros como o célebre Du Bois, exaustivamente citado) este texto vai ser efusivamente festejado (como não poderia deixar de ser) e vai satisfazer e acariciar o ego de tão ilustre, quanto útil pessoa.

    • esperandoasmusas

      Ademario, meu caro,

      Menosprezando assim, tão desesperadamente, a vida e obra de um dos mais aguerridos defensores da Causa Negra, um dos mais incansáveis na luta pelo seu povo, só posso pensar que estás ou mal informado ou mal intencionado. André Rebouças foi um gigante! Um homem que não descansou um minuto sequer, entre sua prolífica atividade como engenheiro — que, inclusive, em determinado momento da luta abolicionista, ficou de lado — e a luta pela Abolição, até que visse seus irmãos livres. Como diz Joaquim Nabuco em seu “Minha Formação”:

      “Rebouças encarnou, como nenhum outro de nós, o espírito antiesclavagista: o espírito inteiro, sistemático, absoluto, sacrificando tudo, sem exceção, que lhe fosse contrário ou suspeito, não se contentando de tomar a questão por um só lado olhando-a por todos, triangulando-a, por assim dizer — era uma de suas expressões favoritas — socialmente, moralmente, economicamente”.

      Os negros brasileiros precisam desviar os olhos do deslumbramento que têm para com King e X (importantes num contexto diverso), e olhar mais para a sua terra, para os seus próprios heróis.

      Mas que conversa é essa agora sobre escravidão?! Meu caro, a escravidão é um fato humano, sempre existiu no mundo antigo permeado por guerras! E mesmo os negros (mouros árabes) escravizaram a Península Ibérica (composta por portugueses e espanhóis) por mais de SETECENTOS ANOS (711 – 1452)! Eu preferiria muito mais ser um escravo grego do que um cidadão democrata de nossa Terra Brasilis. Não há a mínima comparação entre a escravidão antiga e a colonial, isso é absolutamente esdrúxulo.

      Sobre a Alta Cultura, mais uma vez, basta ter senso se proporções e boa vontade. Não é preciso muita coisa. Não é vergonha para ninguém admitir que a Cultura evolui onde há território fértil para essa evolução. Hoje, por exemplo, o Continente Africano produz Alta Cultura. Toumani Diabaté, grande músico, exímio mestra na Cora, é um exemplo. Paulina Chiziane (Moçambique) e Chimamanda Ngosi Adichie (Nigéria) na Literatura, igualmente. O que eu disse em meu artigo é que é absolutamente necessário para qualquer povo evoluir na Diáspora – para usar o termo do Movimento – assimilar e cultivar (de Cultura) aquilo que forma e organiza a sociedade na qual estão inseridos. É isso!

      Para voltar aos negros americanos e seu grande destaque mesmo sendo minoria, o que proporcionou esse destaque? Uma das principais coisas foi a BÍBLIA! Foi, dentre outras coisas, fazendo do Egito bíblico e da Terra Prometida, metáforas da escravidão e libertação, que o povo negro americano perseverou em fé. Muitos foram educados lendo a Bíblia, o que foi absolutamente benéfico e produtivo. E quando o a luta pelos Direitos Civis começou, já existia uma gama enorme de negros preparados para o debate (Du Bois, Booker T. Washington, Frederick Douglass, Marcus Garvey, Carter G. Woodson et alii), para lutar por seus interesses. O negro brasileiro sofre da incultura do próprio Brasil. E academicamente sofre muito mais, pois resolveu assimilar idéias que não tem nada que ver com a sua luta (estruturalismo, multiculturalismo, violência simbólica de Bourdieu, mecanismo de poder foucaultiano etc.). Aliou-se ao que há de mais ignóbil filosoficamente e está patinando nisso há anos. Sem contar, claro, o fato de ter-se aliado ao esquerdismo.

      Não manipulo obras, faço um recorte conceitual para um artigo. Só isso.

      Du Bois encarna, para mim, aquilo que o negro brasileiro deveria ter feito e não fez, por isso o cito tanto. Ler Du Bois é aprender a ser negro no Ocidente.

      Abraço.

      • kwhvelasco

        Você não precisa responder. Não tem porquê. Quem está imerso na falácia da igualdade racial a base de governo não quer mais do que morder nacos deste Estado-pão-para todos.Participei do movimento negro por uma década e hoje sei que o discurso de esquerda minou as exectativas dos jovens pobres: Antes brigávamos para que o negro entrasse na universidade, adquirisse a cara e valiosa cultura da elite e depois, juntando sua experiencia de vida com o conhecimento formal elevado, se inserisse no “sistema’ de forma positiva para si e para sua família, seu bairro, sua comunidade. Hoje estes jovens esperam desesperados que o govêrno lhes pague bolsas, mensalidades em faculdades, bônus em concursos públicos. Este jovem pobre, na maior parte das vezes negro, antes ganhava autonomia e liberdade de ação ao acessar as vantagens do Estado – Trabalhei com pré-vestibulares comunitários, nada de miltância, essas coisas – e hoje é refém dos desvarios de um govêrno fraco e corrupto. Bom texto o seu, não se preocupe. A malta de “ativistas” vai reclamar muito. Não se importe, não vale a pena, seguramente.

      • esperandoasmusas

        Maravilho o teu comentário, meu caro! Muito obrigado!

      • Marta Soubre

        “O negro brasileiro sofre da incultura do próprio Brasil.”

        Perfeito!

    • untergangskommando

      “De qualquer forma, o artigo inova ao manipular fragmentos das obras de negros e mestiços abolicionistas daqui e de alhures, com o intuito de tentar provar o ponto de vista do autor.”

      Na verdade, a meu ver, quem inova — aliás, muito pelo contrário, quem usa da velha e cansada tática de manipulação — é o comentarista, ao reduzir os ensinamentos de Rebouças a um desabafo num momento de desilusão. E a manipulação não se encerra aí: ainda sugere que o autor do post esteja defendendo a aplicação desse suposto ensinamento. Francamente, pela capacidade de expressão do comentarista depreende-se que não se trata de problema de interpretação. Restam as hipóteses de que o comentarista não foi além da epígrafe e sequer leu o texto, e a de que o comentarista não está sendo lá muito honesto em suas palavras — talvez não por falha de caráter, mas por cegueira ideológica.

      Em tempo: não custa observar que os tais povos “bárbaros” europeus também escravizavam e seus vencidos e participavam ativamente do comércio de escravos em todos os papéis possíveis (como sequestradores, revendedores, vendedores e compradores), assim como os povos americanos, africanos e asiáticos ao longo da história.

  • Arnaldo

    Belo texto. Parabéns !!!!! Estou de pleno acordo quando diz “ser criminoso é uma questão de escolha”.

  • Douglas

    Muito fraco.

    Não conheço suas ideologias, pois este é o primeiro post que leio seu. Mas me parece, em alguns momentos, quando você fala de escolhas etc., que você está a falar de meritocracia.
    Como você disse: “entrar para o crime torna-se uma questão de influência”, agora me diga qual influência que o pobre negro que mora na favela tem? Você conhece/lembra de como é uma escola de periferia? De como é uma escola no morro? Não adianta citar Rebouças: o fato de ter um negro engenheiro não tira 1000 negros da favela!!

    Não digo que todos os que moram na favela serão influenciados, tenho CERTEZA (por vivência) que o sonho de boa parte dos que estão lá é sair de lá! Mas que oportunidades estas pessoas têm?

    Daniela Mercury não fala arbitrariamente, os jovens negros são os que mais morrem no Brasil hoje, e são mortos da forma como você viu ao vivo no Datena, são executados com tiro a queima-roupa! Na favela existe pena de morte e intervenção militar.

    No fim você diz “É urgente que os negros […] e percebam o valor que há no indivíduo, no esforço, na perseverança, nas determinações e decisões tomadas de acordo com a própria consciência. É um esforço e tanto, demandará muito sacrifício.” E com isso concordo com certeza (exceto pela parte suprimida) !!! Mas como você acha que vai levar essa ideia para dentro dos morros?
    Para os negros que não se encontram nesse meio, aos que talvez se encontrem nas academias (aqueles os quais os pais deles já lutaram e já conseguiram garantir uma vida melhor a eles), talvez você consiga alcançá-los escrevendo dessa forma, com essa linguagem, no seu blog – e talvez eles nem precisem mais, pois já estão cientes disso a este ponto do jogo.
    Mas agora quero saber como você vai levar essa ideia para aquele que cresceu junto do traficando e que o sonho dele é vender drogas pra ficar rico. Quero saber também como você vai levar essa ideia pra dentro da Polícia (aquela militarizada, aquela que manda tanque de guerra pro morro), pois para a polícia a regra válida é: “Preto parado é suspeito; correndo, é ladrão!” e a resposta deles para isso é: execução com tiro a queima-roupa (também pode torturar um pouco, antes de matar).

    • esperandoasmusas

      Douglas, obrigado pelo comentário.

      Sabe como levarei essas ideias para a periferia? Fazendo o que já faço: sou professor numa escola de periferia.

      Se cada um faz um pouco, fazemos muito.

      Enquanto não entendermos, de uma vez por todas, que numa sociedade democrática só se consegue as coisas por mérito, não sairemos do lugar. Enquanto preferirmos a escravidão estatal, seremos somente um número. Que o negro se torne agente de sua própria história, é só isso que peço.

      Abraço.

  • Ademario Moreira

    Concordo com você Douglas, o que sei é que as liberdades e garantias não foram conquistadas de forma individual, escrevendo artigos acadêmicos, em lugar nenhum. Assim não ocorreu nos EUA, assim não ocorreu na Índia e assim não ocorreu na África do Sul. A “batalha” teve que ser coletiva e teve de sair da palavra para a ação em algum momento. Esperar resignadamente como disse o autor, ao citar Rebouças é que não dá.
    Esperaremos eternamente, pois como já disse Luther King:
    ” A Liberdade nunca é dada voluntariamente pelo opressor; ela deve ser exigida pelo oprimido.” E citar Luther King não é deslumbramento. Deslumbramento é tentar manipular casos isolados de sucesso e tentar fazer disso exemplo. É realmente muito cômodo e útil.

    • esperandoasmusas

      Meu Deus, mas também não estás “manipulando casos isolados” citando King?! Como não percebes isso?

      Já disse, minha parte faço, sou professor na periferia, nem na Academia estou (a não ser como aluno). E vós?

      Coletivamente é uma coisa, pelo Estado é outra.

      As liberdades e as garantias já estão aí, na Constituição Brasileira. A dificuldade é de acesso a algumas instâncias da sociedade, o que é “normal” para um povo saído há pouco mais de 100 anos de um regime escravista. Mas essa dificuldade, que não é legal, mas moral, só é vencida pelo esforço.

  • Ademario Moreira

    Risível o comentário da diferenciação entre a escravidão da antiguidade e a escravidão colonial. Mais ainda dizer que preferiria ser escravo dos gregos…
    Talvez os escravos brancos da Europa gostassem de ser acorrentados e forçados a remar até morrer nas galés, ou tivessem como hobby lutar até a morte nas arenas de gladiadores, ou gostassem de ser usados como objeto para o apetite sexual de gregos e romanos abastados.
    No entanto, diante da sua arrogância em menosprezar os grandes filósofos, que por ventura, são utilizados como referencial teórico pelos movimentos negros, nada tenho mais a dizer, senão aplaudir a sua grande sapiência.

    • esperandoasmusas

      Repito, não há comparação entre a escravidão no mundo antigo e a escravidão colonial. A guerra é o principal diferencial. Ri se quiser.
      Ninguém gosta de ser escravo, a não ser os adoradores do Estado. És um deles?

      • Ademario Silva

        Pelo que notei, anarquista tu não és, muito pelo contrário. Quanto a sua pergunta, já passei pela academia, me graduei e especializei em dois cursos superiores com muito esforço. Mas não é por isso que devo achar que outros não precisem da ajuda governamental. Aliás, o termo ajuda é equivocado. O Estado têm a obrigação de prover a todos, indistintamente, educação de boa qualidade.

      • esperandoasmusas

        Ótimo! Então não se trata de um problema de raça, mas da própria sociedade. E os Governos sempre se mostraram maus provedores, pois, em geral, não abrigam profissionais, mas burocratas e aproveitadores. O que fazer?! Iniciativa individual e privada. O caminho mais longo, mas garantido.
        O problema é que, buscando o estado de Bem-Estar Social pelo Governo, jogamos no Estado (historicamente ineficiente) a responsabilidade pela resolução de nossos problemas. E o que acontece? O Estado achaca a todos com impostos, e não resolve o problema de ninguém. Quem tem dinheiro “dá seus pulos”, e quem se prejudica é o pobre que esperava no Estado. É essa escravidão que condeno.

  • Ademario Moreira

    Quanto a citação de os afrodescendentes norte-americanos terem tido ajuda da Bíblia, me poupe. “Seguindo o exemplo do povo judeu que o povo negro americano perseverou em fé”. Bulshit. Os Judeus tiveram a ajuda dos livros sagrados e passaram praticamente toda a sua história sendo escravos de outros povos, esperando pacientemente a vinda do Messias.
    Aliás, a própria Bíblia aprova a servidão e a igreja apoiou e ideologizou a escravidão negra nas Américas, chegando ao ponto de dogmatizar, para conforto das consciências dos cristãos donos de escravos, que os negros” simplesmente” não tinham alma.
    Por isso acho melhor você deixar a religião de fora disso.

    • Tiago

      Meu amigo, interprete como quiser a história, mas tenha a decência de não negar os fatos históricos mais elementares. A influência do protestantismo no movimento negro dos EUA é um fato indiscutível. Martin Luther King Jr, por exemplo, era pastor, filho de pastor, recebeu educação protestante, e tirou desta educação as bases morais e o conhecimento formal para sua atuação política.

    • esperandoasmusas

      Não tens a mais parca ideia do que estás dizendo, Ademario, me desculpe. Isso foi de uma ignorância indesculpável! Indesculpável! Nem me darei ao trabalho de responder. Que loucura, meu Deus!

      • Ademario Silva

        Pouco importa se Luther King era protestante ou se Malcolm X era muçulmano, critiquei o uso desta informação para reforçar o ponto de vista do autor, ao dizer que a resignação apreendida na Bíblia, foi o ponto forte nas lutas de emancipação americana. Muito pelo contrario, a.irresignaçao com o status quo é que foi preponderante. Não queiram distorcer minhas palavras e nem pensem que ofensas e alegações do autor de uma possível maior capacidade intelectual podem me intimidar e nem desmerecer meus comentários. Conheco muito bem estratégia e não perderei tempo usando este artifício.

      • esperandoasmusas

        Ademario, alto lá, meu caro! Sem vitimização aqui! Ninguém menosprezou tua capacidade intelectual. Eu só disse que esse comentário a respeito da religião foi de uma ignorância atroz. E foi mesmo! Mostrou desconhecimento da influência da religião tanto no processo de escravização quando no de emancipação. Essa história de “negro sem alma” é uma bobagem que não deve, em hipótese alguma, ser generalizada.

        Se te considerasse um burro ou coisa assim, não estaria aqui debatendo contigo.

        Alguém aqui disse que foi o aspecto da resignação religiosa que conduziu o homem negro à emancipação nos EUA? Não! Mais uma vez demonstras desconhecimento de fatos básicos a respeito do assunto. A religião cristã foi, sim, a principal base moral para a abolição americana. É estupidez negar isso. E mesmo que Malcolm X tenha sido muçulmano, o foi circunstancialmente, pois toda moralidade americana está assentada no cristianismo.
        Luther King proferia seus sermões (que eram a sua principal arma na luta pelos Direitos Civis) fundamentando-se na Bíblia. Veja o seu famoso sermão “I’ve Been to the Mountaintop”:

        “Something is happening in Memphis; something is happening in our world. And you know, if I were standing at the beginning of time, with the possibility of taking a kind of general and panoramic view of the whole of human history up to now, and the Almighty said to me, “Martin Luther King, which age would you like to live in?” I would take my mental flight by Egypt and I would watch God’s children in their magnificent trek from the dark dungeons of Egypt through, or rather across the Red Sea, through the wilderness on toward the promised land. And in spite of its magnificence, I wouldn’t stop there”.

        Como negar isso?! Como?!

  • Jorge Aquino

    A monarquia tinha planos para indenizar e dar terras aos escravos libertos pela Lei Áurea e inclusive já existiam leis para serem votadas em 1889
    .
    Mas os republicanos escravocratas se anteciparam e derrubaram a monarquia quando ela estava com o maior nível de popularidade que já teve.

    Dai sim os negros foram jogados a margem da sociedade, sendo o país administrado por ex donos de escravos.

    “Se os negros não avançaram, a culpa foi da república” – Caetano Veloso

    “Ex-escravos perceberam rapidamente que os seus ex-senhores haviam trocado suas roupas de fazendeiros por fardas republicanas.” Flávio Gomes (historiador brasileiro).

    • esperandoasmusas

      Exatamente, caro Jorge. Obrigado pelo comentário.

      • Ademario Silva

        E mais, a única diferença da escravidão na antiguidade e a escravidão colônial foi a escala. Pela primeira vez na história, com o surgimento da “plantation”era altamente lucrativo manter e alimentar uma grande quantidade de escravos. Atrevo-me a dizer que o cativo africano foi a primeira “comoditie capitalista”.
        Ademais sou bem crescidinho para saber que o branco europeu não precisava adentrar o continente africano para pegar suas “peças”. As etnias africanas guerreavam entre si e tinham como costume escravizar os vencidos. Exatamente como você diz que faziam os escravocratas da antiguidade na Europa .
        É claro que as tribos africanas jamais teriam condições de manter milhões de escravos. Sim, escravo comem. No entanto, com a alta lucratividade do tráfico de escravos, o sentido da escravização foi alterado e mudou de escravos de guerra para fonte de lucro. Viva o mercantilismo, viva o embrião do capitalismo moderno!

  • Neco

    POBREZA NÃO É DERROTA!
    Sempre à caminho do bem, irmãos.

  • Giselle Duarte

    Que texto maravilhoso, cada frase me arrepiava. Parabéns Paulo, pessoas como você me dão orgulho e me faz acreditar muito no ser humano, me faz uma pessoa melhor também.

  • Paulo Stramosk

    Prezados, parabéns pelas opiniões expostas.
    Como o debate maior ficou na fala dos interlocutores Paulo Cruz e Ademário, vou me pautar nesta discussão para expor uma opinião.
    Vocês percebem que ambos defendem os afrodescendentes, correto?!
    Então vocês também já notaram que o debate de vocês fugiu do campo da ideologia e passou para o pessoal, certo?!
    E considerando a inteligência de ambos, demonstrada no debate, tenho certeza que notaram que essa discussão não auxilia na pretensão de ambos (defesa dos direitos dos afrodescendentes).
    Assim, por que não se unirem para atingir a grande massa e deixar a defesa ferrenha de um ponto de vista de lado?

    Agora meu ponto de vista sobre a proteção do “povo negro”:

    De acordo com a divisão histórica dos seres humanos pela cor, eu sou considerado “branco”, mas isso não me força a esquecer que, como previsto na nossa constituição, “todos são iguais”.
    Por isso, entendo que essa defesa do “povo negro” é uma demonstração de racismo. Explico.
    A vontade dos “protetores do povo negro” não é a igualdade de direitos/condições que supostamente as outras raças possuem e eles não? Percebam que quando escrevo “direitos/condições”, não me refiro apenas ao que está previsto em lei, mas ao que se busca “extra legem”, como uma boa qualidade de vida, educação, saúde, reconhecimento profissional etc.
    Logo, qual a diferença entre o povo negro e o indígena? Ou entre o povo negro e qualquer outra raça que seja sub-julgada pela sociedade?
    Posso estar enganado, mas não creio que apenas os afrodescendentes vivem em favelas, que apenas os afrodescendentes não recebem educação de qualidade, que apenas os afrodescendentes não possuem oportunidades de crescimento profissional etc?
    Dessa forma, mesmo que eu esteja enganado em dizer que a defesa do “povo negro” é uma demonstração de racismo, tenho que acreditar que essa defesa exclusiva de uma raça é um erro de estratégia, uma vez que a união pela defesa de todos seria muito mais visível.
    Mas essa é apenas uma opinião de alguém que não tem o conhecimento e, principalmente, a vivência de vocês.
    Espero ter somado de alguma forma.
    Abraços.

    • esperandoasmusas

      Caro Paulo,

      Muito obrigado por seus comentários!

      Concordo inteiramente contigo, mas quando falo de luta pelo “povo negro” utilizo de um artifício retórico, uma vez que trata-se do próprio problema do racismo. Vencer a ideologia de raça, tão impregnada em nossa cultura, não é só uma questão de terminologia, mas de mentalidade. O que quero dizer com isso? Que é preciso, antes, reafirmar o valor daqueles que foram escravizados por mais de 300 anos aqui no Brasil, para depois extrapolar para a ideia de que raças não existem — e não existem mesmo. Dizer ao negro que ele é “igual a todo mundo” não adianta, porque, psicologicamente, não é.

      É, como eu diria?, uma luta “de dentro para fora”, uma vez que o ambiente “fora” está eivado, por um lado, de ideologia, e por outro, de de menosprezo pelo problema. Racismo há, e foram os racistas que criaram essa aberração. Derrotá-lo é primeiro dignificar a identidade (já que não há, por exemplo, uma genealogia conhecida que dignifique), e depois, num passo mais certeiro, derrubar a ideologia.

      É um trabalho de formiguinha, amigo. Aos poucos e organizado.

      Grande abraço.

    • kwhvelasco

      Segundo o IBGE a maior parte dos jovens pobres é negra. A discussão é sobre racialidade, não sobre questões econométricas ou sociais. Claro que o jovem “não-negro” está inserido no contexto, mas ao se focar nos “outros” você esquece, provavelmente de forma inconsciente, de que metade da população é negra; e que a maioria desta população coincidentemente é a mais pobre de nossa sociedade. O discurso de valorização do negro é propositalmente excludente. Estude mais sobre o tema, ele é vasto… pode ser importante para você aclarar suas afirmações.

  • Ulisses

    Sendo bastante sintético, parabéns pela bela exposição!

    Caro Paulo Cruz, deixo uma dica acerca dos contradizentes:

    “O homem sábio que pleiteia com o tolo, quer se zangue, quer se ria, não terá descanso.” (Provérbios 29:9)

    Considero-te sábio frente aos tais, dê um descanso a tua alma. Capisci!?

  • Paulo

    Texto muito bem escrito e embasado. Permito-me sugerir um reparo. Não se pode falar, ao menos usando termos oficiais, em negros e pardos. O IBGE nos classifica como pretos e pardos, os quais, juntos, formam o conjunto dos negros. É importante ensinar o povo sobre isso, porque fala-se em cotas para negros, assim entendidos os pretos e os pardos. E o problema a meu ver é que em nenhum lugar se diz o que é pardo. Se em suas pesquisas encontrar a resposta, por favor, me avise. Abraço e parabéns!!

    • esperandoasmusas

      Obrigado pelo comentário, caro Paulo.
      Que eu saiba, para o caso das Cotas, por exemplo, pouco importa, pois negro é aquele que se “autodeclara” negro. Essa coisa esdrúxula está na lei.
      Agora, de fato, Pardo é um mistério mesmo.
      Abraço.

  • Rodrigo

    Parabéns pelo texto! Excelente e muito esclarecedor. Vou compartilhar com outros colegas.

  • Carlos

    Parabéns pelo post e pelo trabalho.

  • Tiago

    Paulo Cruz, seu texto demonstra conhecimento genuíno da questão, que só pode vir do esforço correto de pesquisa, da honestidade e da coragem intelectual e pessoal. Parabéns! Concordo com sua estratégia de enfrentar o problema do racismo (é obvio que ele existe!). Primeiro se reforça a identidade positiva, para depois desconstruir as prisões da identidade racial. Fantástico!
    Parabéns novamente, ganhou um seguidor!

  • chevectra87

    Além de um texto primoroso, separar um tempo para os comments é excencial. Além das referência preciosas.

    Sinto envergonhado de só descobrir a história dos grandes abolicionistas depois dos 30 anos de idade.

    Ficou clara a intenção de extinguir da história do Brasil, personagens tão importantes e complexos, que foram trocados por um negro senhor de escravos.

    Bem antes tarde do que nunca. Peço licença para poder utilizar seu post como um grande exemplo de sobriedade histórica. Que nos dá palavras e nos enche de esperança.

    Parabéns!

  • Juliana Barros

    Parabéns pelo texto, por sua consciência sobre o assunto.
    Se perante aos olhos de Deus somos TODOS igualmente Filhos dele, por que temos que fazer nossas próprias regras de amor, respeito e admiração?
    Direitos iguais, simplesmente, são Diretos iguais, não há o que questionar, certo?
    Quando olhamos o próximo com olhos de Amor, a ótica muda, fica leve, harmoniosa, alegre, com paz.
    Que tenhamos mais amor uns com os outros. Que consigamos pelo menos cumprir os 2 principais mandamentos de Deus.
    Amai a Deus sobre todas as coisas e Amar o próximo como a nós mesmos.
    #somosTodosFilhosDeDeus

  • Paulo Sergio Tometich

    Concordo com grande parte do seu ponto de vista, mas vejo um exagero na sua abordagem com a Daniela. Quando diz que da frase dela devemos deduzir que, segundo a visão da cantora, os presos “são empurrados para a criminalidade e, consequentemente, são presos.”, desconsidera a hipótese de que pobres são injustiçados pelo nosso sistema penal, não têm a mesma condição de se defender, pagar advogados eficientes e acabam na cadeia as vezes injustamente, ou ficam mais tempo do que deveriam, injustamente. Até mesmo por morarem em regiões de alto grau de criminalidade, podem se envolver em situações que os tornem suspeitos, sem defesa, vão para a cadeia, mesmo que talvez estivessem apenas conversando com um amigo de infância que foi para o “caminho errado”.
    Sim, pobres tendem a estar mais na cadeia, grande parte deles, até em função de toda a história que contou, são pretos, o que não significa que são criminosos, não vejo essa informação explícita na frase da Daniela, foi uma dedução sua, talvez porque a vitimização que condena também te atinja em alguma medida.

    • esperandoasmusas

      O que você está fazendo, caro Paulo, é uma interpretação do que ela escreveu. Eu somente li o que está escrito. Conheço um monte de preto pobre que mora na periferia e nunca foi preso. O sistema penal é falho? É. Muitos ainda vão parar na cadeia injustamente? Vão. Mas qual a estatística disso? Podemos generalizar? A frase dela foi uma generalização. E o momento não pede generalização, pede cautela. Abraço.

      • Paulo Sergio Tometich

        Em que parte do texto dela está explicitamente escrito que pretos são criminosos? Nenhuma. Portanto houve uma interpretação de sua parte, não há como ler algo sem interpretar.
        Não estou dizendo que a frase dela seja um primor, não é. Obviamente não se quer exterminar ninguém com a diminuição da maioridade, na verdade a frase não tem lógica nenhuma, é apenas um desabafo de alguém contra a redução, mas ela não escreveu para rotular pretos e pobres de criminosos, mesmo considerando como válida a sua interpretação, o que disse é que, na minha opinião, sua resposta foi exagerada.
        Quanto as estatísticas, perto de metade dos presos no Brasil sequer passaram por julgamento, uma rápida pesquisa na internet pode confirmar isso.
        Abraço

      • esperandoasmusas

        Bom, todo criminoso tem o direto de ser julgado. Se não é, temos outro problema. E não foi isso que disseste na primeira mensagem.
        Daniela Mercury não quis rotular, mas o fez. Sua intenção original pouco importa.
        E minha resposta não foi exagerada. É só ver como o Movimento Negro trata aqueles que considera racistas — ou os gays aqueles que consideram homofóbicos, os as feministas as que consideram machista –, que verás o que é exagero. Minha resposta foi intencionalmente incisiva.
        Abraço.

  • aquiles127

    Perfeito. Quer dizer, por alguns momentos parece que você crê na mágica da meritocracia, mas refletindo bem, não tenho o que criticar

  • Linda EV (@Lindasod)

    Excelente texto, Paulo! Além de escrever muito bem e com muita elegância você traz um conhecimento histórico que torna a leitura consistente e edificante. Agora, tem uma questão, acho que existe controvérsias com relação ao suicídio de André Rebouças, não? Já li em alguns textos que ele caiu acidentalmente do penhasco, rs… Vai saber! Abraço e continue nos brindando com suas letras!

    • esperandoasmusas

      Olá, Linda! Obrigado pelo comentário.
      Sim, há quem conteste o suicídio. Mas, sabe como é, suicídio é sempre algo, digamos, mais romântico (rs). E, como dizia Albert Camus, é o único problema filosófico realmente sério.
      Porém, pelo teor de suas últimas cartas e pelo andamento das coisas no Brasil, eu sinceramente não duvido.
      Um grande abraço.

  • Joao Gabriel Costa

    Caramba você fisse exatamente o que penso. Nao escapou uma palavra sequer.

  • Marilene Brandalise

    O nosso país estaria muito melhor se tivesse mais homens como você, Paulo Cruz. Que valoriza o mérito, que dá valor ao esforço individual, que não se esconde atrás do discurso vitimizante e vai à luta: por clareza de idéias, por conhecimento da História, por reconhecimento de outros que já lutaram a mesma luta, enfim, por sabedoria e consciência do ser. Obrigada por você existir e resistir a este discurso racista e esquerdista da hegemonia cultural, pregada por Gramsci e macaqueada pelos “revolucionários vermelhos ” que, de tanto ódio que destilam, só nos catalogam, separam e fomentam discórdia. Obrigada por esta visão sábia de não ser mais um escravo do Estado totalitário que querem nos impor e persistir na luta para conscientizar os mais jovens pois todos somos iguais, livres e capazes sim de alcançar o que almejamos sem depender de esmolas, cotas e, principalmente, vassalagem ao Politburo da vez.
    Desejo sucesso e vitória na sua trajetória e que continues a trilhar o seu caminho com essa honestidade intelectual e este brilho que a mim encantou e que nos próximos debates os covardes e os lambe botas tenham a hombridade de não desvirtuar suas palavras assim como fez a Daniela. Você está certíssimo. As palavras são palavras e o seu significado não pode atender a ideologia do partido no poder.
    Abraço forte.

  • Marlon Grande

    Confesso ter uma certa dificuldade quando leio textos centrados que pendem ora para um lado e ora para outro, mas longe do meu entendimento, baseado em minhas convicções é o seguinte:
    O racismo não termina através de leis, diferenças sociais não diminuem com pequenos gestos, sou a favor da intervenção mínimo do estado, porém, a oportunidade de acesso a uma educação de qualidade é que fara a diferença se negro/pobre/índio terá chances em alcançar a meritocracia.
    Uso com cuidado a palavra meritocracia, pois sei que só é possível quando em igualdades de condições.
    Reso para estar vivo e ver o dia em que todos serão iguais perante a lei, ricos serão presos, políticos inescrupulosos serão eliminados da vida pública, pobres/negros/indio/mulher/lgbt/homem (brasileiros) podendo trabalhar e ter acesso aos bens de consumo através do suor de seu próprio esforço.

  • Marcos Borkowski

    Racismo é para idiotas-úteis. Mas e quanto as piadinhas de loira burra, ninguém fala nada? Isso não é uma forma de racismo e discriminação também? Ou aí tudo pode e só cabe espaço a gargalhada inconsequente?

  • André Coelho

    Não há como discordar da ideia de que o esforço individual é que leva à mudança. É óbvio que leva. Porém, uns precisam se esforçar mais, outros menos. Portanto, minimizar a relação entre viver numa condição precária e entrar para a criminalidade é precipitado demais. Ainda mais com exemplos que, de tão raros, levam caráter de mito.

    Ademais, seria mera coincidência os baixos índices de criminalidade em países que não sustentam abismos sociais como o nosso?

    Acredito no empoderamento para a evolução da sociedade, só que não com esse ideal de meritocracia estado-unidense. Temos de depender pouco ou nada de governos e governantes, mas só há como fazer isso numa sociedade que generaliza a solidariedade.

    E que conceito é esse de “Alta Cultura” “civilizadora” versus cultura popular “folclórica”? Meu caro, a cultura popular não é só formada por mitos e a “alta cultura” (algo que não existe), não é baseada só em métodos científicos.

  • Ana Serra

    Perfeito! Claro, fluído, profundamente correto. Brilhante!

  • Ricardo da Mata

    Cara, você é simplório demais… Tire este blog do ar, é constrangedor…

  • Jane Almeida

    Texto pra ser printado e viralizado. Até q enfim vejo uma reação à esta estrategia doentia governamental de dividir e vimimizar para separar-nos.
    Paulo Cruz, parabens!!!!!!!!!!!!!
    Se vc me autorizar, vou copiar o texto com a devida autoria pra mostrar em blogs q conheço.

  • Veteranos da Estrada

    “…e me respeite você, pois o preto aqui sou eu!”

    A carta “super trunfo” utilizada contra os donos do baralho… Parabéns, foi incrível!

  • Vinícius

    A razão de ser da esquerda é negar que possa haver mobilidade social dentro do capitalismo. Ou que essa só é possível através de um Estado forte e iluminado, comandado por eles mesmos, os benfeitores intelectuais. Por isso odeiam a classe à qual pertencem — a classe média, prova viva que a sociedade não é cristalizada em uma divisão entre capitalistas exploradores e proletários explorados.

    Não importa quantos capitalistas faliram nos últimos 20 anos, e quantos outros tantos empreendedores emergiram oferecendo produtos melhores de maneira mais eficiente. Temos que fingir que a liberdade econômica – e não precisamente a simbiose entre um Estado inflado e autoritário com capitalistas – leva a formação de dinastias opulentas. Pior que isso, é necessário esconder aquela verdade, assim como é absolutamente necessário esconder dos negros os exemplos de negros bem-sucedidos, que seguiram o caminho da lei e do trabalho honesto, pois esses levam à ruína o ideário esquerdista de imobilidade.

  • Sandra Sabella

    Paulo Cruz, você sacudiu minhas idéias, parabéns!
    Essa sua desvinculação de sentidos entre marginal e criminoso é sensacional, porque me ensinaram que marginal era sinônimo de criminoso.
    Quase escrevi legal em vez de sensacional: outra bobagem que me ensinaram, pois legal está relacionado a leis que nem sempre são boas para nós, o povo.

  • Bruno

    cara, adorei o texto! infelizme vivemos a era do ódio e não vejo saída para o brasil sem que sangue seja derramado!

  • Darcy de Oliveira

    Parabéns pela clareza e discernimento.
    Isto sim contribui com o respeito e a presença positiva do negro na sociedade.

  • Guilherme Figueiredo

    Paulo,
    Boa noite.
    Sou professor universitário, da Escola de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, em Niterói/RJ.
    Não sou da área de Humanas, mas sim das “Ciências Sociais Aplicadas”.
    Tenho me angustiado bastante, especialmente nos últimos tempos, com a ideologização esquerdista e covarde praticada nas universidades federais e fico em dúvida de como agir. De um lado minha visão de mundo, semelhante à sua. De outro a retórica torpe declamada por colegas e/aos alunos.
    Este comentário é um desabafo. Como fazes? Como ages diante desse monstro que nos enfraquece e nos leva, muitas vezes a agir como alienados, ao invés de enfrentá-lo?
    Parabéns pelo seu trabalho.
    Abraço!

    • esperandoasmusas

      Olá, meu caro. O senhor não é o único. Tenho amigos na mesma situação. Sou professor no ensino médio, público, e, graças a Deus, não há militantes em número suficiente para preocupação — pelo menos onde leciono. Eu não procuro o enfrentamento, faço meu trabalho o melhor que posso, sempre buscando mostrar os dois lados das questões, e deixo os alunos avaliarem. Tem funcionado.
      Sigamos, na luta. É preciso paciência e coragem!
      Forte abraço,
      Paulo.

  • Gilberto Giacon

    Você é a prova de que o esforço sempre vale a pena, sempre, e foi um privilégio ler seu texto.
    Vou compartilha-lo.

  • Melissa

    É aquilo… Lembram do Obama como o primeiro presidente negro, mas esquecem de Condoleezza Rice, a mulher negra que ocupou por 4 anos o cargo mais importante dos EUA depois do presidente, cargo este que chegou sem apelar para questões raciais. Se fosse na era Bill Clinton ela teria sido foco de filmes, homenagens, livros, etc, todo tipo de honraria que mesmo Hillary e Sanders receberam sem sequer terem chegado num cargo dessa importância. A esquerda não se importa com os negros, com as mulheres ou com qualquer outro grupo, quer usá-los. Se o negro ou a mulher estiver seguindo a ideologia contrária, ele será ostracizado ou atacado em bando pelos mesmos que dizem defendê-lo.

  • Elda Franco

    Excelente, esclarecedor Paulo Cruz.

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